01/11/2017
O conceito sobre o que é inovação não mudou, mas a forma como a inovação acontece nas instituições, sejam elas, públicas ou privadas, empresas ou universidades, já não é mais uma fórmula pronta, está em constante mudança. Esta foi a principal discussão dos painéis apresentados no palco Minas Digital durante o primeiro dia (31/10) da 16ª Conferência Anpei de Inovação que acontece em Belo Horizonte.
Para abrir o ciclo de debates o evento recebeu o segundo painel do dia, “Porque Minas é o lugar certo para inovar”, que reuniu atores do ecossistema de inovação e empreendedorismo mineiro para contar como o Estado está transformando sua economia através do forte investimento em inovação e tecnologia. O secretário de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia Ensino Superior de Minas Gerai, Miguel Correa, foi um dos convidados que expôs algumas iniciativas e defendeu a estratégia que vem sendo adotada para atrair mais empresas.
“Minas Gerais é o único Estado do Brasil que de fato tem uma estratégia de investimento público sólido no sistema de inovação. Esse orçamento público sólido ajudou a consolidar parcerias como a da Embraer no Centro de Inovação e Tecnologia SENAI/FIEMG. Há investimento para quem quer montar uma startup e também para os empresários que querem se conectar a inovação através de startup e institutos. Nosso foco é fazer conexão direta entre empresariado e startup, é um dos papeis do estado, custear e ajudar nesse casamento”, explicou Correa.
Além de Correa, participou do painel, o presidente da FAPEMIG, professor Evaldo Vilela; o superintendente de Inovação, Tecnologia e Empreendedorismo – CIT SENAI/FIEMG, José Policarpo de Abreu e o subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação de Minas Gerais, Leonardo Dias como mediador.
A quebra de barreiras entre academia e empresas foi um dos pontos altos do debate que discutiu ainda tendências, cenários, desafios, oportunidades e as perspectivas futuras para a inovação brasileira, com foco em Minas Gerais.
Painel Horizon 2020: Integração Brasil – União Europeia: programas e oportunidades
Seguido do painel Minas, o Horizon 2020 também trouxe um pouco da perspectiva dos novos meios para fomentar a inovação: as parcerias entre governos e entre governos estrangeiros e empresas e empreendedores brasileiros. Neste painel os convidados apresentaram algumas oportunidades de financiamento para a inovação provenientes da União Europeia, entre elas o programa Horizon 2020 que é o maior programa de pesquisa e inovação da UE.
O R&I Counsellor da Delegação da União Europeia no Brasil, Alejandro Zurita, foi quem apresentou o Horizon 2020 e também o novo Programa Quadro 2018-2010 do H2020. Zurita destacou o sucesso da parceria e as enormes vantagens que ela traz para os brasileiros e também para o sistema de inovação europeu. É um novo modelo de fomentar a inovação e a troca de conhecimento entre nações. “É uma solução, um investimento, e não um gasto”, frisou Zurita.
O programa, que é aberto para inscrições de qualquer país, recebe projetos de todo tipo, desde pessoas físicas, empreendedores, startups, universidades até empresas grandes ou pequenas, ONGs, agências governamentais, entre outros. O projeto envolve toda a cadeia de inovação combinando pesquisa e inovação, desde o laboratório até o mercado, e faz parte da Estratégia Europa 2020 para gerar empregos e crescimento sustentável e inclusivo.
No projeto lançado para 2018-2020, houveram algumas mudanças, entre elas o desafio de conectar tópicos de diferentes áreas do H2020, compartilhando assim informações para criar sinergias entre projetos em andamento.
Neste painel foram apresentados ainda os programas Incobra e Cebrabic, que são inciativas que também incentivam a inovação e buscam orientar empresas e empreendedores interessados em financiamento e parcerias com a União Europeia. Markus Will, Head of Fraunhofer IPK Project Office Brazil representou o Projeto Cebrabic e Ana Paula Rossetto, gestora de Projetos da Sociedade Portuguesa de Inovação, o Projeto Incobra.
Painel Technology: Inovação baseada em tecnologia
O desenvolvimento tecnológico funciona como alavanca de valor e bem-estar e a inovação baseada em tecnologia é a que conta com o maior apoio do governo. São elas que estão próximas de nós e mudam o nosso dia-a-dia, mas nem sempre é fácil mostrar a importância delas frente à inovação pautada no conhecimento científico e foi exatamente esta nova forma de inovação que virou debate neste painel.
Para uma empresa inovar nem sempre se trata apenas de comprar maquinário e equipar todo seu time com a mais alta tecnologia, é preciso ir além, ter mindset. É isso que as empresas estão buscando para se destacarem no ciclo de inovação. Um exemplo é da grande mudança que a Bosch está se propondo a fazer, que é investir em serviços e não apenas em produtos.
“Víamos exemplos de empresas como a Uber que não tem carro e é a maior empresa de transporte, o Airbnb que virou uma grande rede de aluguéis sem ter uma casa sequer e pensamos, para onde a Bosch iria caminhar neste novo cenário. Essa era nossa preocupação, gerar novos modelos de negócios. E por isso criamos a área de business model e isso tem sido nosso grande desafio nosso”, contou gerente de Inovação, Novos Negócios e Propriedade Intelectual da Bosch Brasil, Bruno Bragazza.
A empresa passou a estudar seus próprios produtos e modelos de inovação e para isso construiu todo um time novo que trabalha a área de business model pensando que se a empresa tem um produto altamente tecnológico, é possível mudar o tipo de cliente e a forma como capturar dinheiro com esse produto. É algo que acontece rapidamente no mundo todo.
Ronald Dauscha, Head of Fraunhofer Liaison Office Brazil, também falou sofre a mudança de modelos de inovação, mais especificadamente do conceito de 4.0, que já é bastante conhecido nas indústrias. Dauscha debateu a geração de novos empregos com o modelo 4.0, a mudança na forma como educamos, comentou sobre os millennials e seus hábitos que impactam todo o mercado e frisou que a transformação digital é como qualquer coisa nova que “pode ser destruída se usarmos nossos pré-julgamentos, ou seja, nossa experiência com o modelo antigo”.
O painel fechou com uma apresentação do nativo digital, Vinícius Fontes da Accenture que falou sobre como nos tornamos digitais, e o que enxergamos como ser uma pessoa digital. Fontes levantou o questionamento sobre o que realmente é digital, a ferramenta, o maquinário ou a forma como você escolhe utilizá-lo. Para consolidar sua ideia usou exemplos conhecidos como a geração de dados que não necessariamente precisa de uma grande tecnologia para existir, é necessário saber como usá-los também.
Painel FINEP
Neste último painel debateu-se a necessidade de mudança em algumas políticas para alavancar a inovação, principalmente das agências governamentais como a Finep. Pouco ainda é investido para pesquisas voltadas para negócios e as crises econômicas agravam essa situação, tendo como consequência a queda de recursos para C&T.
Falou-se muito da mudança do papel da Finep que quer reservar agora um papel importante para as pesquisas voltadas para necessidades de uso, coisas que realmente podem ter aplicação rápida para solucionar problemas reais na sociedade.
Além disso foram apresentados brevemente os novos programas de fomento como o Finep Conecta, Finep Startup e Programa Inova Telecom que são novas maneiras de incentivar projetos inovadores.

