Previ é nova parceira da Finep no apoio ao mercado de venture capital
O maior fundo de pensão da América Latina é o mais novo parceiro da Incubadora de Fundos Inovar, estrutura criada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para estimular a criação de fundos de venture capital no Brasil. A adesão da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), que administra um patrimônio de aproximadamente R$ 88 bi, pode ser o marco da efetiva participação dos fundos de pensão ao mercado nacional de VC. Outra instituição que vai formalizar a parceria com a Incubadora é o Banco do Brasil Investimentos (BBI), responsável por uma carteira de aplicações no valor de R$ 1,9 bi.
Os dois parceiros de peso unem-se aos já membros formais: Finep, Fundo Multilateral de Investimentos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (Fumin/BID), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e os Fundos de Pensão dos Funcionários da Petrobras (Petros) e da Caixa Econômica Federal (Funcef).
O papel da ação de investimentos da Finep, na qual se insere a Incubadora Inovar, é justamente atrair investidores para o mercado e reuni-los na seleção e análise de novos gestores e administradores de recursos. O objetivo é que, através dos fundos de venture capital, o dinheiro chegue a empresas inovadoras com alto padrão de governança corporativa e potencial para abrir capital na Bolsa. Juntos, os 13 fundos aprovados através da Incubadora possuem cerca de R$ 600 milhões comprometidos. Além disso, dos 14 fundos de VC ativos na Comissão de Valores Mobiliários lançados após 2000, quando foi criada a iniciativa, mais de 50% foram viabilizados através da Incubadora Inovar.
A Finep, sozinha, já comprometeu cerca de R$ 100 milhões em 10 Fundos de Venture Capital. Desses, seis estão em operação. No total, GP Tecnologia, Stratus VC, SPTec, Rio Bravo Investech II, Novarum e CRP Venture VI aportaram recursos em 23 empresas inovadoras. Há ainda outros quatro fundos já aprovados e em fase de captação financeira. Todos foram selecionados nas seis edições anteriores da Chamada de Fundos Inovar, que recebeu um total de 71 propostas e realizou 24 due diligences. A expectativa é que, nos próximos três anos, cerca de 100 empresas inovadoras sejam beneficiadas.
Para Sergio Rosa, Presidente da Previ, um dos benefícios trazidos pela parceria é a rica troca de experiência entre os diversos investidores participantes, em função do intercâmbio de informações que existe quando os parceiros se reúnem para realizar o processo de seleção, análise e negociação do regulamento dos fundos. “Também ganharemos escala no processo de análise, uma vez que inúmeros gestores apresentam suas propostas em um mesmo fórum qualificado”, explica Sérgio.
Há atualmente no Brasil 358 fundos de pensão, dos quais apenas cinco aplicam em Private Equity e Venture Capital. Entretanto, especialistas afirmam que, com o cenário de queda da taxa dos juros, concentrar investimentos em títulos públicos de renda fixa não será suficiente para que os fundos de pensão alcancem as metas atuais de lucros. Caso a tendência se confirme, vão se beneficiar as fundações que realocarem recursos para ativos de maior risco.
Por serem instituições muito capitalizadas, um pequeno percentual de investimentos garantiria um crescimento significativo do mercado nacional de venture capital. Os fundos de pensão brasileiros possuem entre 0,3% e 0,5% do patrimônio de R$ 340 bilhões investidos em private equity. Nos Estados Unidos, esse índice varia entre 5% e 6% do patrimônio de US$ 6 trilhões das fundações.
Em abril do ano passado, a Petros aplicou R$ 70 milhões em cinco fundos voltados para empresas inovadoras, o que foi visto como o início da retomada dos investimentos de fundos de pensão em PE e VC. A Previ também tem planos para o mercado. Ainda em 2006, deve comprometer R$ 350 milhões no setor. A tendência é que 80% do total vá para Private Equity e 20% para Venture Capital.
“A entrada da Previ e do BBI dá ainda mais credibilidade à ação de investimentos da Finep. Com isso, os investidores de porte médio não terão dúvidas no momento de alocar recursos em empresas inovadoras através de fundos de VC”, afirma Patrícia Freitas, responsável pela área de investimentos da Finep. Ainda este ano, a empresa pretende apoiar três novos fundos de venture capital e outros quatro de capital semente, voltados para empresas nascentes. Os valores não foram definidos.
“Acreditamos que a atuação conjunta de vários investidores pode maximizar o retorno nesta classe de ativos, já que potencialmente selecionamos as melhores propostas de fundos e exigimos um elevado padrão de governança dos gestores”, conclui Patrícia.