Com o objetivo de melhorar o rendimento de processos já empregados para geração do bioálcool a partir de biomassas cujas etapas fundamentais envolvem basicamente hidrólise e a fermentação , baixando os custos e tempos de produção, a professora Ljubica Tasic, do Instituto de Química da Unicamp (IQ), orientou trabalho que deu origem à tese Bagaço de laranja como biomassa para a produção de etanol de segunda geração, desenvolvida pela química paquistanesa Almas Taj Awan no Laboratório de Química Biológica do IQ. O Brasil é o maior produtor de laranja do mundo. Em 2011, cerca de 19 milhões de toneladas de laranjas foram produzidas no País, das quais 15 milhões apenas no Estado de São Paulo. A pesquisa procurou melhorar os processos de hidrólise atualmente empregados a que é submetido o bagaço de laranja. Com esse objetivo, utilizou hidrólises ácida e enzimática, realizando posteriormente fermentação com cepas isoladas ou misturadas. Compararam então o processo clássico, que envolve hidrólise ácida, com os que utilizam a aplicação de enzimas comerciais e com aquele em que introduziram o microrganismo Xanthomonas axonopodis pathovar citri (Xac). Foi aí residiu a grande inovação. A Xac, fitopatógeno de grande periculosidade por causar a doença do cancro em cítricos, foi escolhida devido à presença de várias enzimas hidrolases e, também, face ao custo menor em relação às enzimas atualmente usadas nos processos industriais. Os resultados obtidos pelas pesquisadoras mostram a ocorrência de bem sucedida conversão hidrolítica do bagaço em uma mistura de açúcares passíveis de fermentação pelas enzimas da Xac. Ou seja, os polissacarídeos do bagaço são convertidos por hidrólise em monossacarídeos. Esses açúcares foram então transformados em bioetanol com a utilização de leveduras, duas isoladas do bagaço e a convencional, tanto com um único microrganismo (mono-cultura) como com a cultura de dois microrganismos (co-cultura). Os rendimentos em termos de bioetanol decorrentes do emprego de co-culturas chegaram a 60%, valores muito superiores aos rendimentos decorrentes do uso de cepas específicas utilizadas na monocultura (cerca de 30%). Além disso, os açúcares foram consumidos mais rapidamente, acelerando os processos fermentativos, que passaram a ser de seis horas e não mais de vinte e quatro horas, tornando-os atraentes em termos de custos e aplicações comerciais. Considerando-se que, em 2011, no Brasil os resíduos de laranja chegaram a 9,5 milhões de toneldas (metade da massa da fruta produzida) e a possibilidade de um rendimento de cerca de 60% no processo empregado, conclui-se que esses resíduos poderiam ter gerado 1,14 milhões de toneladas de etanol. A professora Ljubica destaca que o estudo despertou o interesse de uma das maiores indústrias de concentrado de suco do Brasil, com vistas à melhora do processo de obtenção do bioetanol em sua unidade de produção, a partir da biomassa de que dispõe. Diante dos resultados da pesquisa e do interesse da indústria parceira, a docente está submetendo à Fapesp em programa mantido pela instituição que visa a integração de universidade e indústria projeto para o desenvolvimento do processo em planta piloto e posteriores testes já em escala industrial. Ela acredita que em dois anos o processo possa estar viabilizado para emprego industrial. No momento, os dados relevantes da pesquisa estão sendo compilados e preparados para encaminhamento do pedido de patente. (Com informações do Jornal da Unicamp)

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