3ª CNCTI realça desequilíbrio entre produção de ciência e de inovação.
A ciência vai bem; a tecnologia, mais ou menos; e a inovação… Bem, com a inovação ainda há muito para ser feito no Brasil.
Esta pode ser a síntese da 3ª Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), realizada entre os dias 16 e 18, em Brasília, pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Participaram aproximadamente 1.500 pessoas, a maioria representantes de entidades relacionadas aos universos do tema do encontro.
No que se refere especificamente à inovação, 3ª CNCTI foi importante para consolidar o conceito de que o local em que a inovação efetivamente se dá é na empresa e que o Brasil precisa correr para se tornar um país inovador – e não um mero seguidor de inovações feitas lá fora.
Os incentivos e subvenções da Lei de Inovação e da MP do Bem deverão ajudar nessa corrida, o mesmo acontecendo com os recursos dos Fundos Setoriais. No aspecto dos recursos financeiros, no entanto, parece ter havido um consenso de que o setor empresarial precisa apostar mais na inovação. O setor público brasileiro investe cerca de 0,6% do PIB em Pesquisa & Desenvolvimento, marca igual ou próxima de vários países. Já as empresas, no Brasil, em uma contabilidade muito generosa, destinam menos de 0,4% do PIB nacional em P&D, índice muito abaixo do registrado em países do Primeiro Mundo ou emergentes.
No aspecto político, o ministro Sergio Rezende, da Ciência e Tecnologia, deu a letra. “Precisamos tornar a política brasileira de ciência, tecnologia e inovação uma política de Estado, e não apenas de governo”, disse em sua palestra na manhã de 18 de novembro. “Devemos ter um projeto de desenvolvimento no setor que perpasse o prazo de quatro anos”, afirmou o ministro.
Rezende fez uma revisão sobre o progresso do País na área científica e na área industrial durante os últimos 50 anos. Com base em dados, apontou as causas do desencontro existente entre os ambientes de pesquisa e desenvolvimento na academia e na indústria. “Não houve convergência entre os dois setores”, disse Rezende. “Isso fez com que tenhamos hoje a ciência e a tecnologia concentrada nas universidades e centros de pesquisa, e com que a indústria não investindo em pesquisa e desenvolvimento”.
Uma demonstração desse desencontro: o País é responsável por 1,9% do PIB mundial e por 1,7% da produção científica também mundial. Porém, é detentor de apenas 0,2% das patentes.
Em outros termos de comparação, a produção científica nacional, de acordo com o presidente da Academia Brasileira de Ciências, Eduardo Krieger, também presente à CNCTI, vem crescendo mais de 8% ao ano, ao passo que a formação de doutores tem um crescimento anual na ordem de 14%. Já a Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica 2003 (Pintec), realizada pelo IBGE, indica que a taxa de inovação da indústria brasileira teve o tímido crescimento de 31,5% para 33,3% no triênio 2001-2003.
Conseqüência de encontros realizados em cada macro região do País, a 3ª CNCTI foi organizada em torno de oito sessões plenárias, realizadas na forma de conferência, e 35 sessões paralelas (painéis). Os resultados serão levados ao Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, ao governo federal e aos presidentes do Câmara Federal e do Senado da República.