Abenge lançará programa para fortalecer os cursos de engenharia no Brasil
O presidente da Associação Brasileira de Ensino de Engenharia (Abenge), João Sérgio Cordeiro, anunciou que deverá ser lançado, em breve, um programa para fortalecer os cursos de engenharia no Brasil. “A Abenge trabalha com esse programa há quatro anos”, revelou Cordeiro durante o seminário “O papel e as possibilidades dos institutos tecnológicos no contexto da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior e da Lei de Inovação”, realizado pela Abipti, nos dias 10 e 11 de abril, na Câmara dos Deputados.
O processo de inovação tecnológica requer a formação de profissionais para atuar em pesquisa e desenvolvimento (P&D), com destaque para as engenharias, mas o Brasil está em desvantagem em relação aos países concorrentes no que diz respeito à formação de engenheiros.
Segundo Cordeiro, para cada 100 alunos formados no país apenas sete são da área de engenharia. Na Coréia do Sul – exemplo recorrente de sucesso em produção de ciência, tecnologia e inovação – são formados 22 engenheiros para cada 100 graduados. “Quantitativamente, estamos aquém e, qualitativamente a educação em engenharia precisa ser trabalhada”, reiterou o presidente da Abenge.
Além das deficiências em relação ao conteúdo dos cursos de engenharia – que chamou de “educação obsoleta” – e do baixo interesse dos jovens por essa área do conhecimento, Cordeiro apresentou o problema da concentração espacial dos mestrados e doutorados, pois a maior parte deles está localizada nas regiões Sul e Sudeste do País.
Ele lembrou ainda que, à necessidade de se formar engenheiros para trabalhar com inovação, somam-se os “grandes desafios de infra-estrutura” ainda pendentes no país, nas áreas de saneamento básico, habitação e transportes.
Para Ubirajara Cabral, pesquisador do Instituto Nacional de Tecnologia (INT), que também esteve presente no evento, não é necessário ser mestre ou doutor para fazer pesquisa e desenvolvimento. Como exemplo, ele citou o caso da Embrapa, na qual os profissionais com nível de graduação elevaram a instituição ao patamar de referência nacional e internacional em pesquisa agropecuária.
Cabral ressaltou também que o nível da pós-graduação no Brasil não deixa nada a desejar em relação aos países desenvolvidos. “Em termos de pós-graduação, nós estamos muito bem”. Para Cabral, o problema está na graduação, que deve ter atenção especial do Estado.
O secretário-executivo da Abipti, Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque, enfatizou que a melhoria do ensino de engenharia é uma bandeira da Abipti já há algum tempo. Ele revelou que a Associação tem uma proposta pronta nesse sentido, elaborada pelo secretário-executivo adjunto, Ivan Rocha Neto.
Com informações do Boletim Gestão C&T