30/08/2017
É necessário pensar em novas formas de colocar a inovação em prática; e é isso o que diversas empresas têm feito. Muitas delas, associadas à Anpei, receberam o Prêmio Valor Inovação Brasil 2017, mostrando que, até em momentos difíceis, a busca pelo conhecimento não pode se restringir ao meio acadêmico, e deve ter continuidade nas empresas para que elas sejam cada vez mais competitivas.
Este foi o tema central da discussão da última reunião do Comitê de Gestão da Inovação da Anpei, que aconteceu no dia 18 de agosto na Arena Santander | AUSPIN, em São Paulo – SP, e recebeu empresas e especialistas que apresentaram possibilidades de buscar a inovação e fomentar o setor de C,T&I no país, além de contribuir para o desenvolvimento social e econômico.
A abertura do evento foi realizada pelo coordenador do Comitê de Gestão da Inovação, Rafael Pellicciotta, que deu boas-vindas aos participantes e apresentou William Volpato, do jornal Valor Econômico, e José Eduardo Fusaro, da Strategy&.
Prêmio Valor Econômico: Indicadores de performance em gestão da inovação
Durante a primeira apresentação, Volpato e Fusaro falaram sobre a metodologia do ranking Valor Inovação Brasil, explicando, de forma detalhada, como funciona o prêmio e quais são os critérios utilizados para definir a inovação e analisar o esforço de inovar de cada empresa.
Para Volpato, a avaliação, que é feita há mais de 12 anos, tem trazido uma série de lições para todas as empresas, dentre elas, a importância dos centros de inovação. “O setor de C,T&I é fundamental para as organizações, pois aumenta a capacidade delas de inovar e impulsiona a a cultura de inovação no meio empresarial”.
Dentre os critérios de avaliação, foram apresentados os três principais: a intenção de inovar, o esforço para inovar e os resultados do trabalho para fomentar a inovação. A partir deles, são analisados outros pontos, como, por exemplo, o processo de inovação. “Às vezes, a empresa tem a intenção e tem recursos, mas o processo não vai bem e se torna algo sem disciplina e desgovernado”, explicou William Volpato.
“Perguntamos para as empresas quais eram as áreas mais importantes para o sucesso da inovação nos próximos dez anos. Dois terços delas responderam que seria a parte de processos, integração e organização. Esse é o principal fator para a empresa inovar. E a empresa que tem bom resultado de inovação, tem bom resultado nos negócios”.
Experiências do vencedor. Prêmio Valor Inovação Brasil 2016 e 2017: Embraer
A segunda participação da reunião do Comitê de Gestão da Inovação foi da vencedora do Prêmio Valor Inovação Brasil 2016 e 2017. Associada à Anpei, a Embraer, representada por Marco Cesarino e Thiago Yamabuchi, contou a sua experiência aos presentes, seus processos de inovação e como está mapeando tendências.
Já no início da apresentação, Cesarino explicou que o Prêmio é reflexo do trabalho que a Embraer sempre se propôs a fazer, ou seja, inovar. “Somos uma das maiores empresas de aviação do mundo, isso significa que a inovação está em nosso DNA. Desde a fundação, sempre tratamos a inovação como parte do nosso dia a dia, e isso traz uma dinâmica diferente ao trabalho e à empresa. Com o tempo, entendemos que o sucesso acontece justamente por conta do nosso DNA”.
Muito foi falado sobre o processo inovativo. E o Prêmio Valor Inovação ajudou a Embraer a entender que modelo de inovação não deve apenas buscar novos produtos, mas valorizar a pesquisa também.
“Agir sem propósito não traz diferencial. Os estudos também têm resultados. Trata-se de uma composição. Somos uma empresa com um amplo portfólio e que desenvolve vários produtos ao mesmo tempo. Nos organizamos e conseguimos fabricar um avião. Não tratamos a inovação apenas como corporativa, pelo contrário, ela está em vários lugares, inclusive em nossos centros de pesquisa”.
Yamabuchi entrou mais a fundo na pauta sobre a importância dos processos, ainda mais para uma grande empresa que busca inovar em todos os setores. Nesse sentido, uma das dificuldades, inclusive, se dá em copilar todas as informações para pensar no futuro, nos mercados que ainda estão por vir e nos produtos que precisarão atendê-los.
“O Embraer Business Innovation Center tem o objetivo de reconhecer esses novos mercados e suas necessidades. Isso garante a inovação”, explicou Yamabuchi.
Em abril, a empresa anunciou uma parceria com a Uber, através do Embraer Business Innovation Center, focada no estabelecimento de um ecossistema denominado Uber Elevate Network, que permitirá a implantação de pequenos veículos verticais elétricos de decolagem e aterragem (VTOLs) para deslocamentos urbanos mais curtos.
Big Data aplicado à análise de publicações científicas: Elsevier
A terceira apresentação foi pautada por uma das tecnologias mais atuais nas empresas, o Big Data. Guilherme Sepe, Solutions Manager da Elsevier, explicou como a editora está usando o Big Data para realizar análise de publicações científicas.
A solução é usada tanto na busca por artigos, quanto para estruturá-los. Sepe mostra que a tecnologia foi uma das responsáveis também pelo crescente número de publicações, porque ela age como uma facilitadora quando se trata de buscar informações.
“É visível que aumentou a quantidade de citações nos artigos. Antigamente, você tinha 10 citações em um artigo, e hoje você vê 15, 20 ou muito mais citações. Isso acontece porque atualmente temos mais informações em mãos e de maneira muito mais prática e rápida”.
Processar a enorme quantidade de dados dos artigos, como autores, palavras-chave, títulos e etc. também era uma dificuldade. Mas, como a inovação sempre foi forte na empresa, a Elsevier foi a primeira a criar um programa piloto revolucionário que enviava artigos por conexão online antes da internet.
Anpei Exchange e como colocar a inovação em prática
Por fim, o vice-coordenador do Comitê de Gestão da Inovação da Anpei, Jaime Frenkel, deu início a apresentação final que contou com uma mesa redonda com cases de duas grandes empresas associadas à Anpei, a Braskem e a Natura.
Frenkel falou sobre o Anpei Exchange e todo o trabalho desenvolvido pelo Comitê, inclusive sobre o novo projeto, o Anpei Architect, que formará e certificará gestores de inovação. O curso será realizado em novembro durante três dias, que contarão com palestras e aulas, culminando com uma apresentação de projeto para uma banca da Anpei no quarto dia. O Anpei Architect será direcionado a profissionais que já têm experiência como gestores de inovação e desejam ampliar sua competência.
Após a apresentação sobre os projetos do Anpei Exchange, Bruno Nunes Vaz, da Braskem, e Daniela Diógenes, da Natura, responderam algumas perguntas sobre os processos de inovação em suas respectivas empresas, elencando alguns passos para colocar a inovação em prática de forma contínua e com reflexo a longo prazo nos negócios.