30/05/2017
No último dia 27 de abril o Comitê de Interação ICT-Empresa da Anpei se reuniu no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), em São Paulo, para debater sobre os obstáculos e os facilitadores que podem ocorrer na interação entre empresas e instituições científicas e tecnológicas. Na ocasião, os associados presentes acompanharam cases da Samsung e da Embraer, além da pesquisa do professor Marcelo Gattermann Perin, da Escola de Negócios da PUC-RS, que deu subsídios para a dinâmica realizada no período da tarde, na qual os participantes elencaram os principais entraves e facilitadores da interação ICT-Empresa.
De acordo com o professor Marcelo Perin, os principais facilitadores por parte das universidades são as agências de inovação, os programas de incentivo e a disponibilidade de recursos. Já por parte das empresas, Perin destacou a capacidade absortiva e experiência anterior. E por parte do governo, as linhas de crédito e as leis e os regulamentos. E para ambos, o professor observou como facilitadores o conhecimento adquirido, o networking e a alta frequência de comunicação.
Por outro lado, os obstáculos listados por parte da universidade referem-se à fase de desenvolvimento do projeto, com prazos e cronogramas de trabalho que não atendem às necessidades das empresas, por exemplo, além de falta de comunicação interna e de incentivo ao pesquisador, o que acaba gerando uma falta de interesse por parte dele. Quanto ao governo, o professor destaca a burocracia das questões legais e institucionais, que muitas vezes geram entraves para a interação ICT-Empresa. A incompatibilidade de culturas e as divergências de interesses foram classificadas como barreiras de ambas as partes.
Segundo Ana Márcia de Oliveira Ramos, analista de cooperações de desenvolvimento tecnológico da Embraer, a cooperação entre empresas e ICTs é importante, pois propicia interação com talentos, agrega conhecimento complementar, maximiza o uso da infraestrutura, alavanca recursos de fomento, compartilha riscos e forma recursos humanos.
Como facilitadores, a empresa listou o engajamento com pesquisadores motivados, alinhamento de expectativas e plano de trabalho com entregas associadas a desembolsos, aportes financeiros e econômicos, resultados esperados e PI prévia definidos; além de acordo de cooperação com condições equilibradas, divisão clara de papéis e responsabilidades, e apoio administrativo para o coordenador do projeto, por exemplo.
Já como obstáculos, Ana Márcia destacou a integração entre os diversos programas de fomento, timing das ICTs versus as necessidades do projeto, propriedade intelectual, complexidade dos projetos, gestão de diversos parceiros, burocracia que envolve ICT públicas, acompanhamento da atuação das fundações de apoio e gestão de convênios e contatos.
Durante a dinâmica realizada no período da tarde, o grupo elencou e qualificou facilitadores como a estrutura para interação das agências de inovação (NITs), proximidade física da ICT, incentivos nas universidades, frequência de comunicação entre as equipes, pesquisadores gabaritados nas empresas, financiamento público para interação, conhecimento adquirido, networking, leis a favor da interação e perfil adequado do pesquisador.
Já quanto às barreiras, os resultados da dinâmica apontaram a diferença de timing de contração e diferentes setores que não se comunicam, negociação de PI e uso de resultados, gestão dos projetos, diferentes objetivos e prioridades, expectativas equivocadas e incentivos e reconhecimentos.
Case Samsung
Durante a apresentação de cases, Antonio Marcon, gerente de P&D do Samsung R&D Institute Brazil, destacou o programa Startup Economia Criativa, realizado em parceria com a Anprotec, e que envolve um acordo de cooperação tecnológica firmado entre o governo brasileiro e o sul-coreano em abril de 2015.
De acordo com Marcon, o orçamento total do projeto é de cinco milhões de dólares, que estão sendo executados em cinco anos (2016 -2021). Além disso, a iniciativa envolve mais de 50 novos empreendimentos de base tecnológica, empregos diretos e indiretos e o aperfeiçoamento de ferramentas, instituições de suporte à inovação e ao empreendedorismo e de todo o Sistema Nacional de Inovação.
Assim, o programa estabelece um novo paradigma de parceria para o desenvolvimento de empreendimentos inovadores por meio do uso de recursos da Lei da Informática (Lei nº 8248/1991).