07/04/2016
As turbulências econômicas e políticas cobram um preço alto do setor de tecnologia da informação. Além do recuo em políticas importantes de incentivos à TI, persistem carências de infraestrutura e de um ambiente mais propício aos negócios. Mas há luz no horizonte – especialmente com o novo patamar do dólar frente ao real.
“A gente recuperou um pouco da competitividade com a desvalorização. Temos que manter nossa vocação para a internacionalização e para que empresas multinacionais possam confiar e investir mais no Brasil como plataforma de exportação”, destacou o presidente da Brasscom, Sergio Paulo Gallindo, ao abrir o seminário promovido pela entidade para discutir políticas públicas e negócios, em Brasília.
Há, por certo, muito o que fazer. Como lembrou o CEO da Totvs, Laércio Cosentino, o setor de tecnologia ainda clama por medidas que enderecem questões trabalhistas, de infraestrutura, tributárias e de propriedade intelectual. “Fala-se muito em política para TI, mas como a TI está em tudo, trata-se na verdade de uma política para todos”, afirmou.
As dificuldades ficaram ainda mais agudas no cenário atual. “Esse momento é muito ruim, com desaquecimento na indústria, no varejo, nos serviços. Com a redução da velocidade de tomada de decisões, impomos ao Brasil um atraso digital fantástico. Quando a gente olha 2014 e 2015, não são dois anos perdidos, mas uma década perdida para o Brasil”, sustentou o executivo.
O setor de TI se ressente do recuo nas políticas de incentivo, em especial aquelas que sinalizavam tratar de algumas das questões fundamentais para as empresas de tecnologia, como os custos trabalhistas (diante da crise econômica, o governo deu marcha ré na substituição da contribuição ao INSS por um percentual do faturamento). Também caíram incentivos da Lei do Bem à inovação.
“Mesmo quando o governo gera iniciativas na direção correta, como em reduzir a carga tributária incidente sobre a contratação de mão de obra, deslocando o custo principal do contrato de trabalho para o faturamento, isso é como uma chuva de verão, dura pouco e logo o governo reintroduz um a carga elevada que inibe investimentos”, emendou o deputado Mendonça Filho (DEM-PE).
(Convergência Digital)