Encontro de PI aconteceu no Onono, centro da BASF, e abordou o relacionamento jurídico com startups e Braskem Labs.
No dia 9 de abril, o terceiro encontro do Comitê de Gestão da Propriedade Intelectual se reuniu no Centro de Experiências Científicas e Digitais da BASF, Onono, localizado na zona sul de São Paulo. O Centro é voltado exclusivamente para inovação, colaboração e transformação digital e social, e Carlos Henrique de Almeida, Ecosystem Developer, apresentou o espaço ressaltando a preocupação em segurança que o local fomenta.
Carlos, ou CH como é conhecido, elucidou que a iniciativa é a junção de três outros projetos: o BASF 4.0, focado em transformação digital, Go to Market, webshop de venda de produtos, e os Laboratórios de Care Chemicals, que busca soluções para o home personal care. O espaço é coberto por tecnologia interativa e está aberto à todos, já que seus idealizadores buscam a expansão e desenvolvimento do ecossistema de inovação.
Iniciativas de Startups em Empresas
Grandes empresas já entenderam que precisam de startups, e vice e versa. Assim começou a apresentação de Débora Gomes, do jurídico da BASF, que ressaltou a importância desse relacionamento para que as grandes empresas não percam velocidade e competitividade. A advogada elucidou os conceitos relacionados considerados pela empresa, como a própria definição de startup, que deve ter menos de três anos de mercado para se enquadrar na diretriz.
Débora e o time jurídico da BASF perceberam que os modelos de contratos usuais de transferência de tecnologia e joint venture do mercado não eram adequados para a parceria com startups, por se mostrarem ineficientes e demorados, resultando na perda do valor do negócio.
Já que os processo existentes são excessivamente complexos, a BASF elaborou uma nova política de compras para startups, que visa combater os pontos negativos citados. O novo modelo busca simplificar e clarear as definições mais importantes, tornando a contratação mais ágil e adaptando-se à nova mentalidade desse mercado. Débora ressalta que as startups que trabalharem com a BASF, além do diferencial no processo de contratação, também terá acesso à infraestrutura e ao know how através de contatos profissionais chave.
Programa AgroStart e Startups
Hugo Mendes, também do jurídico da BASF, apresentou ao grupo a iniciativa da empresa para a agricultura. De acordo com a UN Food e a Organização da Agricultura, em 2050 a demanda por comida aumentará 70%, haverá mudanças climáticas, e a diversidade de pestes também irá crescer. Dessa forma, para manter uma produção eficiente, segura e sustentável, a utilização da indústria 4.0 e IoT será imprescindível.
Pensando nisso, a BASF lançou o Programa AgroStart (AS) em 2016, em parceria com diversas grandes empresas, que busca soluções para aumentar a eficácia dos processos através da Agricultura 4.0. Com o objetivo de trazer ao setor novas tecnologias, o Programa interage tanto com startups em early stage, como em scale up.
A primeira fase do Programa acelera e promove startups em early stage, que tenham produtos passíveis de comercialização e instalação, pelo menos duas pessoas dedicadas integralmente e MVP pronto. A BASF deposita um investimento semente, que pode ser revertido, um Acordo de Cooperação Técnica é aplicado, a fim de proteger a Propriedade Intelectual da tecnologia. Junto com a ACE, a BASF já acelerou cerca de 10 startups.
Já a negociação com as startups scale up, que já possuem o produto pronto, envolve um Acordo de Parceria e dá acesso a startup à clientes e know how BASF, que são definidos previamente na negociação.
Papel da Propriedade Intelectual na Colaboração Empresa e Startup
Quem esclareceu a respeito da Propriedade Intelectual da BASF foi Matheus Gil do Amaral. Depois de conceituar de forma geral os principais conceitos da PI, o advogado defendeu que na visão da corporação, o principal valor financeiro são as patentes, que garantem a vantagem competitiva em relação às outras empresas.
Matheus também abordou a forma com que os contratos usuais de transferência de tecnologia são obsoletos comparados com o ritmo real das startups, e como o grande número de processos engessa o desenvolvimento de novas tecnologias. A fim de sobreviver em um mundo disruptivo, o profissional defende a necessidade de fazer uma inovação mais rápida, que garanta o futuro competitivo.
A BASF, para adaptar-se a esse novo contexto, adotou uma política de colaboração com as startups, que passa por variados modelos. Apesar dos riscos serem incertos e diversos, e de haver a possibilidade de extinguir times e processos já existentes, as vantagens desse relacionamento superam os contras, já que dessa forma a inovação é praticada de forma mais efetiva e produtiva.
A negociação da Propriedade Intelectual com as startups, no modelo BASF, irá depender de qual estágio ela está. São definidos quais são as obrigações das partes, assim como a detenção dos direitos e licenciamento da Propriedade Intelectual. Essas estruturas podem variar bastante de acordo com o projeto.
Braskem Labs
A Plataforma de Empreendedorismo Sustentável da Braskem foi apresentada por Isabela Basso, Analista de Desenvolvimento Sustentável da empresa. A premissa da iniciativa é que as startups devem endereçar os seus trabalhos para algum dos 17 ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável) antecipados pela Braskem, como erradicação da pobreza, educação de qualidade, água potável e saneamento, e etc.
Para isso, o Braskem Labs possui três frentes: Ignition, que faz a pré-aceleração para startups que estão em fase de validação, Challenge, que busca startups que resolvam desafios da Braskem, e Scale, que faz a aceleração de empresas com soluções já disponíveis no mercado.
No primeiro programa, Ignition, a Braskem busca startups que possam futuramente integrar os outros dois projetos. São feitas duas edições por ano, em que 10 startups são selecionadas.
Já o Challenge, lançou cinco desafios da Braskem para o ecossistema de startups: a distribuição de carga nos eixos, a otimização do resíduo plástico após o consumo, otimização das roteirizações do transporte coletivo, controle de emissão de gases de efeito estufa e a realidade aumentada ou virtual para simulação em plantas. Após as inscrições, são selecionadas as startups para um Pitch, e é feito uma imersão de três dias no problema proposto para o desenvolvimento de um projeto piloto. Após a imersão, são selecionadas as startups que irão rodar um piloto, para serem contratadas como fornecedoras ou parceiras em caso de sucesso.
Por fim, o Scale é estruturado em um processo de inscrição, são selecionadas 12 empresas no Pitch Day, que passam por um diagnóstico e por uma capacitação de 4 meses, para por fim, realizar o demo day. Além da capacitação e mentoria personalizada, a startup adquire acesso a diversos setores e players estratégicos, exposição na mídia e no ecossistema, equity free, e a possibilidade de se tornar parceira Braskem.