Estudos analisam P&D no Brasil
A taxa de inovação das empresas brasileiras aumentou entre 2001 e 2003, mas o esforço inovativo diminui tanto em termos de número de empresas, quanto em valores investidos em 2003. Isso significa que aumentou o número de empresas inovadoras, mas diminuiu o percentual daquelas que realizaram atividades inovativas em 2003. Essa é uma das principais conclusões do estudo “Inovação tecnológica no Brasil – A indústria na busca da competitividade global”, apresentado, na terça-feira (06), na VI Conferência Anpei, que está sendo realizada no Rio de Janeiro.
Segundo o economista Roberto Vermulm, da Universidade de São Paulo, que realizou o estudo com os também economistas Mauro Arruda e Sandra Hollanda e o apresentou ontem, essa redução, de 12% em termos reais, atingiu sobretudo a realização de pesquisa e desenvolvimento (P&D) interna. “A inovação se tornou mais seletiva em diversas dimensões: setorial, por tamanho das empresas e entre aquelas que realizaram atividades contínuas de P&D”, explicou. “A seletividade também significa que várias empresas mantiveram suas estratégias de investimento em P&D para competir no mercado global, apesar do ambiente de incerteza que predominou em 2003 no Brasil.”
Segundo Vermulm, os dados mostram ainda que houve predomínio da política macroecônomica conservadora privilegiando os objetivos de curto prazo. “Mas o que o Brasil precisa é articular a política macroeconômica com a política industrial e tecnológica”, disse. “Essa articulação pode contribuir para o alcance de objetivos macroeconômicos. A Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE) foi uma oportunidade de praticar essa estratégia, mas infelizmente o Estado demonstrou não estar suficientemente preparado para detalhar e implementar sua política industrial e tecnológica.”
BASE DE DADOS – Além do estudo de Vermulm, Arruda e Hollanda, foi apresentada na Conferência uma outra pesquisa, a base de dados “Indicadores Empresariais sobre P&D no Brasil”, realizada conjuntamente pela Anpei e Fundação Seade. Tales Andreassi, da Anpei, mostrou que das 322 empresas pesquisadas, 248 realizam ou contratam P&D. Das 74 que não realizam, 38 (51,4%) não o fazem porque não consideram as atividades de P&D necessárias para o desempenho da empresa. Das que realizam P&D, 117 (47,2%) o fazem para aprimorar produtos e 100 (40,3%) para conquistar novos mercados.