Pele Nova: crescimento com foco em P&D
A associada da ANPEI, Pele Nova, é uma empresa que desenvolve pesquisas a partir da biodiversidade brasileira. A empresa tem na P&D a base do sucesso alcançado nesses 10 anos de trabalho. Sociedade anônima de capital fechado, seu estatuto prevê que 10% do lucro líquido ou 1% do faturamento, o que for maior, seja destinado para a constituição de reserva para P&D. Segundo Marcos Silveira, diretor presidente da empresa, o objetivo é aumentar as aplicações tanto no produto já lançado como em novos produtos. A expectativa é de que sejam lançados pelo menos mais dois produtos ao ano. Para tanto, serão necessários mais recursos para P&D, que a empresa pretende buscar por meio de parcerias com outras empresas.
ANPEI – Como você define o negócio da Pele Nova?
Marcos Silveira – A Pele Nova é uma empresa de Biotecnologia. Nosso foco é a pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos a partir de elementos da biodiversidade brasileira, que possam resultar em melhoria da qualidade de vida dos pacientes.
Nosso primeiro produto promissor é o Biocure. Trata-se de uma membrana bioativa e biocompatível, composta de um polímero derivado do poliisopreno, obtida a partir da polimerização do látex natural, ou Hevea Brasiliensis. Esta membrana, obtida por processo patenteado, possui uma microarquitetura particular e apresenta uma importante propriedade de indução do processo cicatricial, capaz de promover angiogênese local, com neoformação vascular e conseqüente regeneração dos tecidos lesados.
A partir disso, viabilizamos o produto com os devidos testes clínicos de eficácia e o registro na ANVISA, e lançamos um curativo para tratamento de ulceras crônicas, que afligem pacientes diabéticos e portadores de doença vascular periférica. Os resultados de tratamentos à base de Biocure têm se mostrado muito positivos, com fechamento de feridas em 8 semanas, em pacientes que as tinham há anos sem nenhuma evolução.
ANPEI – A P&D ocupa posição de destaque nesse negócio?
Marcos Silveira – Sem dúvida que sim. É a base de nossa companhia, sobre a qual se assentam nossos fundamentos. Somos, sobretudo uma empresa de capital intelectual, com forte cultura orientada à pesquisa.
ANPEI – Qual o montante de investimentos feitos pela empresa em P&D e quais prioridades para Pele Nova?
Marcos Silveira – Investimos quase R$ 8 milhões e dez anos de pesquisa para chegarmos ao nosso primeiro produto. Obvio, que ao longo deste período, ganhamos escala e sinergia e paralelamente chegamos a novas aplicações derivadas de uma mesma tecnologia. A Pele Nova Biotecnologia é uma sociedade anônima de capital fechado, e fizemos constar em nosso estatuto no capitulo que versa sobre distribuição de lucros, que ao final de todo exercício social a Assembléia Geral destinará 10% do Lucro Liquido ou 1% do Faturamento, o que for maior, para a constituição de reserva para P&D.
ANPEI – A Pele Nova direciona suas atividades mais para P&D de novos produtos ou para aplicações tecnológicas em produtos já existentes no mercado?
Marcos Silveira – Estamos atrás de inovação. Nosso primeiro produto já é inovador. O Biocure, ou membrana natural para cicatrização, é um curativo que age de forma ativa nas feridas, promovendo aumento da permeabilidade vascular com migração de macrófagos que liberam fatores de crescimentos responsáveis pela aceleração do processo de neoangiogênese. Não há nada similar a custo acessível no mercado.
Outros produtos virão, com base na atual tecnologia, mas que necessitam serem desenvolvidos clinicamente para novas aplicações.
ANPEI – Qual é a estrutura de RH da Pele Nova em termos quantitativos e qualitativos (pós-graduandos, doutores etc.)?
Marcos Silveira – 75% da estrutura de funcionários da empresa possui curso superior, a exceção de um pequeno contingente em nossa fábrica. Todos nossos profissionais na área cientifica tem pós-doutorado. As maiores áreas de concentração são bioquímica e dermatologia.
ANPEI – A Pele Nova atua no desenvolvimento de produtos farmacêuticos. Qual o registro de crescimento anual da empresa? Esse crescimento se reflete também na evolução de recursos para a P&D?
Marcos Silveira – Sim. Atuamos na área farmacêutica. Este é o nosso foco original. Nosso objetivo é crescermos em aplicações para nosso produto atual e em novos produtos, com pelo menos mais dois ao ano. Certamente isto demandará mais recursos para P&D, que devemos buscar em nosso resultado e ou através de parcerias com outras empresas.
ANPEI – A Lei de Biossegurança, sancionada em março deste ano interfere de alguma maneira nas atividades da Pele Nova?
Marcos Silveira – A principio, não. Não é o nosso caso. A Lei de Biossegurança é muito mais aplicável às empresas que trabalham com produtos geneticamente modificados. A nova Lei permitirá que as análises de biossegurança sejam realizadas pelo órgão mais qualificado no país para essa função, garantindo à sociedade a biossegurança dos produtos geneticamente modificados e com a agilidade necessária para manter o agronegócio competitivo.
ANPEI – A empresa pretende utilizar a lei para implementar novos projetos?
Marcos Silveira – Novamente, em função do nosso escopo de atuação, a principio não utilizamos a Lei.
ANPEI – E a Lei de Inovação, sancionada em dezembro último, na sua opinião, em que vai beneficiar as empresas?
Marcos Silveira – A Lei de Inovação Tecnológica, Lei no 10.973/04 vem de encontro ao estímulo à Inovação no ambiente produtivo. Certamente ajudará no fomento de alianças estratégicas e desenvolvimento de projetos de cooperação envolvendo as empresas nacionais e Universidades. Temos agora um ambiente propicio para o compartilhamento de laboratórios com às ICTs (Instituições Cientificas e Tecnológicas), e a dispensa de licitação prévia no licenciamento de tecnologia ou patentes publicas. As universidades e seus pesquisadores se sentirão estimulados a trabalhar lado a lado com as empresas, pois a lei o permite e finalmente cria-se um ambiente, onde todos ganham, empresas, pesquisadores e ICTs com titularidade da propriedade intelectual reconhecida conforme contribuição proporcional de cada parte.
ANPEI – No que a bandeira da ANPEI pode auxiliar nos negócios da Pele Nova?
Marcos Silveira – Sermos membros desta prestigiada associação é um fator de diferenciação, pois somos uma empresa que também acredita, tal qual a ANPEI, na força da pesquisa, e da propriedade intelectual, sob forma de proteção patentária, como um dos ativos mais valiosos de uma empresa.