Pequenos negócios ainda têm dificuldades de acesso a crédito
Se de um lado surgem editais, concursos e fundos para incentivar a inovação tecnológica das empresas brasileiras, de outro os pequenos negócios têm grandes dificuldades para terem acesso ao dinheiro. “A lei de inovação, recentemente sancionada pelo governo federal, os fundos setoriais e os editais que têm surgido são boas oportunidades de interação entre instituições de pesquisa e pequenas empresas”, diz o coordenador de tecnologia do Sebrae em Minas Gerais, Marden Magalhães.
Ele explica que, em grande parte, são recursos não-reembolsáveis, disponíveis para a pequena empresa que conseguir se candidatar. “Os textos não são fáceis e é preciso identificar qual o perfil adequado a cada oportunidade”, diz. Debruçar-se sobre editais para descobrir qual deles serve para sua empresa não é tarefa comum ao dia-a-dia do administrador de um pequeno negócio. “O recurso existe”, diz Magalhães. “Às vezes, o que falta é conhecimento para buscar.”
Segundo ele, as pequenas empresas de base tecnológica, intensivas em conhecimento, têm em sua natureza a tarefa de buscar os recursos disponíveis para a pesquisa e, por isso, são mais bem sucedidas. “Os setores tradicionais da economia é que têm maior dificuldade para conseguir inovar”, afirma.
A busca da modernização significa manter-se no mercado, mesmo quando o produto não é tecnologia. “Temos de investir para acompanhar as tendências da moda e para manter a produtividade”, conta o presidente do Sindicato das Indústrias de Calçados de Nova Serrana (Sindinova), Júnior César Silva. “Não utilizamos recursos específicos para isso, investimos em conjunto, em projetos do Sindicato, ou individualmente, quando o empresário tira o recurso do capital de giro. Nesse caso, ele paga juros altos para se manter no mercado”, explica.
Uma das iniciativas de sucesso no cruzamento de candidatos potenciais e recursos é o Centro de Competência da Sociedade Mineira de Software (Fumsoft). Ele identifica os recursos e combina com empresas que podem utilizá-lo. O Centro consumiu cerca de R$ 30 mil para ser estruturado e, em seis meses de atuação, já conseguiu recursos de mais de R$ 4 milhões.
Outra solução é o trabalho conjunto. A pesquisa cooperada resolve carências comuns a um grupo de negócios, caso das empresas de móveis de Ubá, região leste de Minas Gerais. Elas conseguiram recursos do último edital da Financiadora de Estudos e Pesquisa (Finep) e do Sebrae para criar uma unidade de processamento de resíduos para as indústrias que formam o Arranjo Produtivo Local (APL). “Infelizmente o pequeno empresário não tem acesso a esses recursos”, diz o presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Marcenaria de Ubá (Intersind), Rogério Gazola.
Para ele, editais complicados e falta de preparo dos empreendedores impede que eles consigam dinheiro para investir em inovação. “Ele se preocupa em pagar as contas no fim do mês e não se dá conta que, muitas vezes o problema financeiro é de falta de competitividade. É como se tivesse uma dor de cabeça. Ele sabe que tem, mas não consegue identificar a causa”, explica.
Outra dificuldade de acesso à inovação é a falta de tecnologia produzida para a pequena empresa. “Acontece muito de existirem máquinas avançadas para produção em larga escala. Mas, para quem produz pouco e precisa ter um produto diferenciado, não tem”, afirma Rogério Gazola.
Fonte: Agência Sebrae de Notícias