Sergio Rezende será o novo ministro de C&T
Foi anunciada na tarde de terça-feira (12/7), pelo porta-voz da presidência da República, André Singer, a saída de Eduardo Campos do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Em seu lugar assumirá Sergio Machado Rezende, físico que preside desde 2003 a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), agência de fomento vinculada ao MCT. A posse está prevista para o dia 19/7, juntamente com os outros novos ministros. Ainda não foi anunciado o nome do substituto de Rezende na Finep.
Em entrevista coletiva realizada no final da tarde do dia 12/7, em Brasília, Eduardo Campos explicou os motivos de sua saída do comando do MCT. Deputado por Pernambuco, ele retorna à Câmara dos Deputados, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a tarefa de contribuir para o fortalecimento da base do governo no Congresso Nacional.
Segundo Campos, a escolha do físico Sergio Rezende para substituí-lo no Ministério foi um esforço para não haver problemas de continuidade dos trabalhos, “já que Rezende é um militante importante da ciência brasileira, envolvido com a política brasileira na consolidação de um Sistema Nacional de C&T que responda aos grandes desafios nacionais”. Assim como Eduardo Campos, Sergio Rezende é filiado ao PSB.
Sergio Machado Rezende preside a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), agência de fomento vinculada ao MCT, há dois anos e cinco meses. Uma das ações de mais destaque de sua gestão é o Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas (Pappe), lançado em 2003 e desenvolvido em parceria com as Fundações de Amparo à Pesquisa dos estados.
O objetivo do Programa é apoiar iniciativas de P&D de produtos e processos inovadores feitos por pesquisadores que atuem diretamente ou em cooperação com empresas. Os recursos da Finep previstos para o Pappe somam R$ 87 milhões para os anos de 2004 e 2005, com contrapartida de um para um dos estados, representando um total de R$ 170 milhões. Até o momento, 19 estados já implementaram o programa. Eles contam com R$ 80 milhões da Finep, dos quais cerca de R$ 55 milhões já foram liberados.
O Programa Juro Zero, uma das mais recentes iniciativas da Finep, é outro destaque da gestão de Rezende. O Programa financia recursos a micro e pequenas empresas inovadoras, sem a cobrança de juros. Para agilizar o processo de contratação, a Finep optou por um sistema de convênios com parceiros estratégicos nos Estados. A desburocratização e diminuição do tempo para a contratação de projetos (de cinco meses para 33 dias, em média) também são marcas de sua gestão.
Perfil
O carioca Sergio Machado Rezende nasceu em 1940. Com auxílio de uma bolsa de estudos, concluiu o doutorado em Física no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, em 1967. No mesmo ano, retornou ao Brasil e foi contratado como professor de Física da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), onde havia se formado em Engenharia Eletrônica quatro anos antes. No ano de 1972, mudou-se para o Recife para implantar o Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Cinco anos depois, foi eleito membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
Durante as décadas de 1970 e 1980, Sergio Rezende foi professor visitante na Universidade da Califórnia e integrou comitês e conselhos de sociedades científicas, a exemplo da SBPC, e órgãos governamentais, como o CNPq e a Capes. Em 1989, participou da criação da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe), da qual foi o primeiro diretor-científico. Entre 1995 e 1998, exerceu o cargo de secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco, no terceiro governo de Miguel Arraes. Entre janeiro de 2001 e janeiro de 2003, foi secretário do Patrimônio, Ciência e Cultura da Prefeitura de Olinda.