No dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a Covid-19 como uma pandemia global. Desde então, todos os órgãos e setores da sociedade têm se unido no combate ao novo coronavírus. Medidas como o isolamento social foram tomadas com o intuito de achatar a curva de transmissão da doença, e todos estão sentindo os seus efeitos nas diversas esferas da vida cotidiana.
Em um contexto novo como esse, cresce a importância de instituições de pesquisa e desenvolvimento em ciências biológicas e da área da saúde em geral. Mais do que nunca, é imperativo que esses órgãos atuem em conjunto com entidades governamentais para garantir a segurança da sociedade como um todo.
Nesse cenário, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) tem ganhado destaque, com iniciativas de peso para combater o coronavírus. Em coletiva de imprensa realizada no dia 27 de março, a Presidente da Fiocruz – Nísia Trindade Lima – declarou: “Existem dois objetivos centrais da nossa instituição: salvar vidas, principalmente agora que está prevista a escalada do número de casos da doença, e a proteção do nosso sistema único de saúde, que tem que lidar ao mesmo tempo com outras doenças além da Covid-19.”
Esses dois objetivos se complementam e sustentam as medidas adotadas pela instituição para auxiliar na luta contra a crise de saúde provocada pela doença. Abaixo, você confere as principais medidas do plano de ação da Fiocruz.
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Principais ações de combate a Covid-19 feitas pela Fiocruz
Plano de Contingência
Uma das primeiras medidas adotadas pela Fundação Oswaldo Cruz foi a instituição de um regime especial de funcionamento, visando resguardar a saúde dos colaboradores e estabelecer condições de trabalho que respeitem as medidas de prevenção de contágio. A organização passou a adotar um esquema de rodízio, mesclando atividades remotas e presenciais, de modo a diminuir a circulação de pessoas no ambiente da instituição e o deslocamento pela cidade.
Essas e outras medidas passaram a valer a partir do dia 18 de março e estão contidas no Plano de Contingência da Fiocruz para a Covid-19. O Plano foi elaborado por uma comissão especial e orientado pela Coordenação de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência (CVSLR), em conjunto com o Gabinete da Presidência.
Implementação do Centro Hospitalar, destinado a tratar exclusivamente os pacientes acometidos pela Covid-19
A Fiocruz está em obras desde o dia 25 de março, trabalhando para implementar um hospital de campanha contra a Covid-19. O objetivo do projeto, que foi viabilizado de maneira colaborativa entre a fundação, o estado do Rio de Janeiro e o Ministério da Saúde (que financiou a obra com R$ 100 milhões), é levantar 200 leitos com respiradores artificiais para atender os pacientes infectados em estados mais graves.
O Centro Hospitalar, como é denominado, está sendo construído sob o campo de futebol da instituição, ao lado do Centro Tecnológico de Vacinas (CTV) da Bio-Manguinhos. Ele fará parte de um grupo de 18 hospitais de diferentes estados que estarão envolvidos no ensaio clínico multicêntrico da OMS no Brasil, e contará com leitos intensivos e semi-intensivos.
De acordo com a J.P. Morgan, em seus relatórios de projeção da Covid-19, espera-se que a doença alcance os 25 mil casos no Brasil, e que o pico seja alcançado ainda em abril. A proposta da Fiocruz é estar com o hospital funcionando já para quando esse momento chegar.
Contratação de mais profissionais da saúde
Em meio a um cenário caótico na economia, a boa notícia é que a Fiocruz está contratando profissionais da área da saúde.
Para atuar no Centro Hospitalar e nas demais demandas decorrentes da Covid-19, a fundação está procurando médicos, técnicos em radiologia, enfermeiros, técnicos em enfermagem, técnicos em farmácia, assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas e auxiliares administrativos. A ideia é ter um corpo organizacional preparado para lidar com o alto volume de pacientes nesse período.
Liderança do ensaio clínico “Solidariedade” da OMS no Brasil
Associada à construção do Centro Hospitalar, a Fiocruz vai coordenar (junto com o Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde) um estudo clínico no Brasil que integra o estudo “Solidariedade”, coordenado pela Organização Mundial da Saúde.
Esse estudo tem, como linha central de seus objetivos, analisar quais tratamentos são possíveis para uma doença que ainda não possui vacina ou evidências científicas que assegurem um tratamento seguro para salvar vidas.
Dentro desse objetivo, a presidente da Fiocruz ressalta: “Quero destacar aqui que a Fiocruz, por ser uma instituição nacional, presente em todos os Estados, e que alia pesquisa, vigilância, atenção e atividade ampla do complexo industrial da saúde, com dois laboratórios públicos, nós também seremos capazes de produzir aqueles medicamentos que o estudo clínico apontar como os mais adequados, através do nosso instituto Farmanguinhos”.
O ensaio global avaliará, entre outras questões, o uso de medicamentos para o tratamento da doença. O objetivo, como anunciou o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, é testar os medicamentos com mais rapidez, em escala nacional, com os pacientes em casos graves.
Essa ação irá aumentar o número e o ritmo dos testes de remédios, como a Hidroxicloroquina e o Retinovir, entre outros antirretrovirais. Com isso, o processo de prescrição das receitas mais bem sucedidas ficará mais ágil, conforme o perfil do paciente.
Esclarecimento sobre o uso de Cloroquina como terapia adjuvante no tratamento de formas graves da Covid-19
Em seu portal de perguntas e respostas sobre a Covid-19, a Fiocruz esclarece que a recomendação do Ministério da Saúde para uso da hidroxicloroquina e cloroquina no tratamento contra a doença chama-se uso off label. Ou seja, é uma prática adotada, mas somente em casos muitos graves.
É nesse sentido que o governo brasileiro permitiu o uso, sobretudo, da cloroquina; mas vale ressaltar que o que pesa sobre a recomendação é a decisão do médico sobre cada paciente específico.
Os especialistas da área da saúde afirmam que não se deve usar a cloroquina ou a hidroxicloroquina para tratar a Covid-19, nem mesmo como forma de prevenção, pois assim como todo medicamento essas substâncias possuem efeitos colaterais e podem afetar o coração. O acompanhamento médico correto ainda se faz necessário nesse momento.
Os profissionais da Fiocruz da área de pesquisa e desenvolvimento continuam a analisar e explorar os efeitos dessa medicação sobre os pacientes.